Muitas gestantes têm causado polêmica nas redes sociais ao postarem vídeos fazendo Crossfit – um método de treinamento que combina movimentos funcionais constantemente variados e de alta intensidade. Algumas delas aparecem nas imagens levantando pesos de 25 quilos, apesar do barrigão de 8 meses. As atletas defendem a iniciativa perante suas seguidoras, dizendo que essa prática faz bem para a saúde da mãe e do bebê.
Definitivamente essa não é uma modalidade indicada para iniciar a prática de exercícios na gravidez. Se você já praticava Crossfit antes da gravidez e recebeu autorização médica para continuar, é essencial ajustar os exercícios de acordo com as necessidades e limitações do seu corpo em gestação. Isso significa reduzir a intensidade, evitar movimentos que possam colocar em risco a estabilidade pélvica e muscular, e priorizar a segurança em vez da performance.
Todo exercício tem que ser bem prescrito e monitorado para a grávida, com intensidade moderada, sem impacto e sem esforço excessivo sobre as estruturas pélvicas. Como a natureza do crossfit acaba sendo oposta a esses princípios, as adaptações precisam ser muito bem feitas para que a gestante e o bebê não sofram consequências.
Uma gestante que deseja fazer Crossfit deve, no mínimo, estar com uma boa estabilidade corporal, os músculos bem preparados e uma flexibilidade adequada. Do contrário, começará a fazer movimentos compensatórios que podem provocar uma lesão ou uma disfunção. É muito comum atendermos pacientes que têm incontinência urinária após iniciarem atividades como o Crossfit, então é preciso que a mulher cuide do assoalho pélvico.
A gestante também deve evitar atividades que envolvam mudanças bruscas de posição, levantamento excessivo de peso, alto impacto e contato físico intenso, já que oferecem risco de lesões articulares e traumatismos abdominais. Além disso, toda gestante deve praticar exercício em ambiente arejado, hidratar-se e, depois da atividade, fazer relaxamento/resfriamento, para que a frequência cardíaca da mãe e do bebê retornem gradativamente aos níveis de repouso.
E lembre-se: nada de fazer manobras de Valsalva – aquelas em que a pessoa prende a respiração quando está fazendo força–, já que podem aumentar a pressão arterial e também comprometer o fluxo de sangue e oxigênio para o bebê.
Esqueça as metas crescentes. Uma das características do Crossfit é incentivar a pessoa a atingir uma meta cada vez mais alta, mas não deve ser assim na gravidez.
SINAIS DE ALERTA Se você sentir um dos seguintes sintomas, significa que exagerou no Crossfit:
- Surgimento de dores, durante ou após o exercício, que não sejam dores musculares decorrentes do próprio exercício físico. Exemplo: dor na coluna, dor na pelve, dores cervicais.
- Perda de urina na hora do exercício. Por exemplo, se você perde xixi ao pegar um peso para fazer um agachamento.
- Falta de ar excessiva. Se você fica extremamente ofegante ou se não consegue acompanhar uma aula, é sinal de que a intensidade está muito alta.
- Perda de líquido pela vagina, contrações frequentes, sensação de desmaio. Esses sinais, que independem do Crossfit, também servem de alerta. Se tiver algum deles, procure um profissional de saúde.